terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Dois planetas em 9/8

E lá vem vindo mais um sol,
corroendo, benzendo, maldizendo
as palavras não ditas
e os sonhos não…
vividos?

Os ritmo quebrados não deixam mais que as conclusões acabem onde os começos deveriam começar. O hiato. E aí então recomeça, pela metade, assim apressado como o tropeço de colocar a meia atrasado e ir para a rotina sem um café na cara. Mas o quê, mas o quê. Do inesperado, do jeito travesso e da invasão que é a luz de nosso planeta maior nas retinas sem nem tirar as remelas, abre-se o sorriso mais estranhamente belo. Bom dia!

O Sol é tão grande
parece nossa estrela-mãe.
E é.
Tão forte e tão seguro de si,
agarra com seus braços invísiveis oito planetas.
E plutão.
Mas, é só mais um dentre tantos.
Bem pequeno inclusive,
mas… É o nosso sol.
Solito.

‘’awe-inspiring. Adj.: Impressionante, espantoso, assombroso, assustador. Adj.’’

Deixa que o mar vai te tragando. Tão mais monstruoso é na madrugada, perdido num lugar deserto e desfazendo teus pés na areia. Ressaca boa, ressaca essa que consome a tua essência, aquela que só a ti e a mãe-natureza diz respeito. Faz então uma síntese.

Da restinga, da lagoinha,
da espuma à maré vermelha
trâmites que por um segundo de loucura tu entendes
porém tão logo esse lampejo de razão vem
essa cruel e assombrosa mãe te joga tudo na cara
com um gosto salgado ainda por cima
rasgando o peito
como sereia maldita
como espantoso Netuno
como oceano
como mar, só ele o mar

poderia ser.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Música do dia 31

não sei mais dizer por que
que eu te falo essas coisas
e qual é a razão
de assim deixar tudo no ar

tornando o leve insustentável
o lábio quente um beijo torpe
um sonho amargo de domingo
ponho o mundo a me crisar

maldito costume meu
que só coloca-me a indagar
o que é que tanto faço
pra de ti me afastar

mais um grito de socorro
e uma noite de insônia
o cheiro forte de tabaco
que o dia jura tragar

é só mais uma rotação
outra estrela a se apagar
o gosto ácido de um sexo
que esse mês vai sufocar

domingo, 1 de dezembro de 2013

Predicados

Sirva-me de predicados que não compreendo

Mostra a alegria do céu do sol
que racha a testa da festa dos padres
e de que nada me serve no fim do dia

Basta de predicados que não querem que eu entenda

Olha a tristeza da água do rio da pedra
que bate na corrente que finda na poça de lama que cria um pobre cristo

Estou cansado desses velhos predicados

Senta um pouco na janela e dá uma lida na vida
que vai pra direita que vai pra esquerda
e que venera o vinho de veneza
e que mais vida pra ela quer

predicados e predicativos por predileção
predizem a vinda de um homenzinho de dedos gordos
a cavocar um pedaço de terra
e mais predicados a procurar
talvez mais livres
talvez mais iguais
ou mais e mais
mais pau pra criar
mais dedos magros a trabalhar
mais-valia mais pra cá do que pra lá

Propedêutica de gorduchos e magrelos,
Melancolia de suados e perfumados,
Alegria de educados e desbocados,
A vida com sal e a vida no sol,
Predicados de rico, predicados de pobre

terça-feira, 23 de julho de 2013

Saṃsāra

The darkest shade of black, a morbid feeling of desperation, yet it somehow turns brown only to end on a hopeful golden angel's light...
And it keeps going down, down, down.

Downwards, spiral of madness
Downwards, primal scream
Downwards, all again, all again

Don't you ever dare running from the nature of your soul's perception, the endless round doors that burns your mind, the untouchable doorknobs craving for flesh, for lust, for something lost, something long forgotten.

And the small and timid gnome gently rubs the door. A beautiful
rainbow of light comes from beneath it, turns into a warm and peaceful
wind, blows your hair, blows it all again...

God... it blows your hair.
- Can I come in?
- Can I touch your heart?

Maybe...

No...

Someday?
Sometime?
Some... how?

Tic... Toc...

As doze badaladas pregam o fim e o recomeço. O ciclo do céu e do inferno, da dor e da alegria, mais uma vez tem início.

- So what should I do?
- Just... smile.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Drowning

E um dia estava eu perdido no bosque, com meus cigarros e minhas drogas e minhas teorias. E no outro dia acordo perdido, envolto em meus pensamentos.

E há essa chama
E há essa chama

Chama azul, chama verde, chama meio morta.
Chama que um dia chamou, chama que um dia clamou, chama que um dia flambou minha alma.

E há essa chama
E há essa chama

Morta

Pois que em meio a mais uma dose da droga da saudade, ao som de King Crimson, aparece uma névoa. Que da fumaça surge o fogo, e do cheiro de nicotina surge uma forte ressaca, feminina, bela, tragando-me pelo seu sorriso.

E há essa chama
Sweet smoke
E há essa chama
Sweet smoke

Que me queima que me chama que me flamba e que proclama:

Suba e viva! O mundo é desse lado, abra os olhos e acenda a tua alma!

Sweet smoke... Sweet smoke

(something in those eyes... Jesus Christ! Please make me stop thinking about them!)

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Corvos

- Vamos lutar contra a corrupção!
- Fora esses políticos oportunistas!
- Contra o desvio de dinheiro público na Copa!
- Por um Brasil melhor!

Por um Brasil melhor. E quem não quer um país melhor para se viver? Finalmente o Brasil se levanta, em uma demonstração visceral de repúdio e revolta às instituições vigentes. Mas há algo errado. Onde tudo  começou, de que caminho não podemos nos perder?

Diz a mídia que o povo não aguenta o sistema de governo vigente, que é contra tudo e todos. Logo a mídia que sempre esteve ao lado dos que exploram a população, a mesma golpista de sempre. Algo soa errado. A manipulação sutil e ardilosa dos meios de comunicação burgueses nada mais faz do que dispersar ideologicamente todo o descontentamento dos cidadãos nesse momento. E existem corvos a espreita. Há grupos que estão muito bem pautados ideologicamente, só esperando o momento certo para se apropriarem da situação.

A única maneira de saber o que vem pelo futuro é olhando a própria história. Governos populistas tem o grande problema de despolitizar o povo, e cabeça vazia é oficina do diabo. A suja e traiçoeira direita silenciosamente se aproveita desse vácuo ideológico para para atacar, por velhos e novos meios.

Não basta que o Brasil acorde, ele precisa muito mais do que isso: precisa se politizar, precisa de foco.

O gigante acordou? Não, apenas levantou-se...

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Raw

E da visceralidade de dois corpos, da junção de duas almas surge a criatura mais cru, grotesca e bela que existe. Da fagulha que surge do atrito das mentes em comunhão cria-se a trama de um universo tão peculiar, lindo e intenso que de sua natureza nada mais é do que desaparecer.

Por um segundo, por um minuto e por uma hora tal mundo é tão suficiente dentro dele mesmo, porém tão intenso, tão chama, que no próximo instante somente é esperado que se sublime na expressão máxima da natureza humana, na exibição mais gratuita de ferocidade e instintividade que a Terra pode nos oferecer, no auge do orgasmo de dois corpos tudo se finda, tudo se inicia: da ciclicidade dessa situação aprendemos a viver em eterno retorno ao útero do planeta.

E há quem jure que tal universo seja tão eterno quanto for o amor. Pois desse modo esquece que a eternidade nada mais é do que um plano disposto a se destruir, regenerar e nascer novamente a cada instante. Na paixão residem a ferocidade e instinto humano, do amor comportado nada tão cru, belo e intenso pode, infelizmente, surgir.